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Eversolo DMP-A6

Eversolo DMP-A6

Miguel Marques

31 agosto 2023

Um Streamer/DAC/Prévio revolucionário


As revoluções podem acontecer de muitas maneiras - e por vezes acontecem de forma lenta e dissimulada. Que muitos dos nossos produtos de consumo diário são made in China, não surpreenderá ninguém - e a alta-fidelidade não é excepção, com muitas marcas a desenharam os seus produtos no Ocidente e a produzirem-nos no Extremo Oriente. Mas, nos últimos anos a China tem sido profusa no lançamento constante de novos produtos de alta-fidelidade, não apenas made in China mas desenhados e pensados na China, particularmente no segmento de DACs e streamers. E, para além disso, estes produtos têm conseguido alcançar uma reputação impensável até há muito pouco tempo atrás (não muito diferente do processo que aconteceu aos produtos japoneses, há umas décadas) - tendo-se tornado comum ver alguns destes DACs/streamers em sistemas onde recentemente apenas víamos marcas bem conhecidas de todos nós. O new kid on the block é o Eversolo DMP-A6 (a Eversolo pertence à conhecida marca Zidoo), que tem conquistado uma presença online notável, o que levanta a questão: estará este streamer/DAC à altura da sua fama? É o que vamos descobrir.

Começando pelas especificações, este produto é um híbrido entre DAC, streamer e leitor digital, podendo ser usado em qualquer das três modalidades - e, ainda, como pré-amplificador digital, utilizando o controlo de volume dos chips Sabre.

Eversolo DMP-A6_1

Como DAC temos entradas USB-C (para um computador, tablet ou qualquer dispositivo que tenha uma saída áudio em formato USB), óptica e coaxial (para um leitor de CD e uma televisão, por exemplo).Como leitor, o DMP-A6 permite ligar a um DAC externo com saídas coaxial e óptica, mas também HDMI e USB, duas saídas muito incomuns num streamer com DAC incluído. A saída HDMI permite, para quem tenha um setup compatível, saída de áudio multicanal em formato DSD ou PCM. A saída de áudio USB, tantas vezes demonizada, permite transferir para um DAC externo formatos que as saídas óptica e coaxial não permitem, tais como o DXD ou o DSD - permitindo ainda manter os sinais de clock e dados juntos, o que significa que se se ligar este streamer a um DAC de muita qualidade, poder-se-á tirar partido do clock interno do mesmo, o que não é possível nas saídas óptica e coaxial (para quem tenha interesse neste assunto, segue no link abaixo uma entrevista de Ed Meitner, em que ele explica porque é que o clock e o DAC devem estar no mesmo circuito).

https://www.stereophile.com/content/meitner-emm-dv2-dsd-mqa-digital-audio

Eversolo DMP-A6_2

Por fim, como streamer, temos as características comuns neste tipo de produto: Roon Ready, AirPlay, Tidal Connect e UPNP/DLNA - por rede sem fios ou cabo Ethernet (pode ainda ser usado com Bluetooth ou Spotify Connect, hipóteses não testadas por não serem lossless). Pela App é possível usar Qobuz, Tidal, High-Res Audio, Deezer, Internet Radio, Radio Paradise ou ficheiros numa pen drive. Em teoria será possível usar Amazon Music e outros serviços como Apple Music através de Apps no sistema operativo do Eversolo, um altamente modificado Android 11 (com uma opção para fazer bypass ao resampling para 48khz que todos os sistemas Android fazem, conseguindo assim extrair áudio bit perfect). Mas, de momento, essas opções ainda não estão disponíveis. Em modo beta está também o streaming directo a partir de clouds como a One Drive e o Dropbox. Por fim, é ainda possível adicionar um disco SSD (até 4 TB) e utilizar este dispositivo como um servidor e DAC all in one.

Eversolo DMP-A6_3

Como se pode constatar, há pouco que o Eversolo não faça. Seria impensável, há alguns anos, ter tanta funcionalidade neste nível de preço, mas os avanços têm sido muito rápidos na área digital da alta-fidelidade. Sobram, portanto, duas questões - se soa bem e se é simples de utilizar (aspecto muitas vezes pouco abordado nas resenhas de streamers e que acaba por ser o ponto fraco de muitos produtos nesta área). Durante a utilização deste produto, escolhi simplificar a minha utilização - seria praticamente impossível dissecar devidamente todas as possibilidades. As fontes foram um portátil (Tidal através do protocolo Tidal Connect, Roon através do protocolo Roon Ready e Foobar através do protocolo UPNP/DLNA) e um dispositivo Android (Tidal através do protocolo Tidal Connect e uso da app Eversolo Control). Todos estes sistemas funcionaram sem falhas por rede sem fios, mas quando fiz uso de upsampling, a rede Ethernet teve de ser usada.

A primeira surpresa vem da própria caixa em que o Eversolo chega - tudo vem muito bem organizado e com um belo design. Não temos, em nenhum ponto, a sensação de estarmos a comprar um produto de preço acessível. O setup inicial demora menos de 10 minutos, e num instante a música está a tocar. Comecei a minha análise pela App: funciona sem falhas e é bastante agradável visualmente - o que pode não parecer muito, mas supera várias outras experiencias que tive com streamers. Gostaria bastante de ver um modo branco, um modo landscape e um ecrã now playing em que a capa do disco fosse significativamente maior, mas são apenas pormenores - e, quem sabe, serão adicionados em futuros updates. No uso de pen drives, o Eversolo mostra toda a informação sobre o ficheiro (capa, nome do artista, disco, etc…) desde que estejam devidamente embutidos no mesmo; o uso do Tidal é quase indistinguível da App nativa (é de supor aqui, que o mesmo se aplicará ao Qobuz e a outros serviços) e a Radio Paradise é uma adição maravilhosa (para quem não conhece, é um rádio que funciona apenas em FLAC e que tem uma selecção musical bastante cuidada, uma verdadeira pérola da Internet). Para quem tenha uma boa colecção de música e se sinta muito satisfeito com a utilização da Eversolo Control por tablet ou smartphone, adicionar um disco SSD ao DMP-A6 será provavelmente a forma mais simples de utilizar este streamer (e há sempre a possibilidade de adicionar qualquer music player do Android em formato apk). Para concluir, foi testada também a hipótese Tidal Connect num sistema Android, e funcionou na perfeição.

Eversolo DMP-A6_4

Continuando na minha análise, passei para o uso de um portátil - a forma mais simples, para mim, de lidar com streamers (gostava até que mais marcas fizessem Apps para Windows). Poderá ser geracional, mas nunca acho o uso de tablets ou smartphones tão simples - e, para quem tem uma colecção extensa de música, o portátil permite não só ter um bom disco SSD como uma miríade de diferentes softwares para experimentar. Comecei então pela (dificílima) busca de uma forma livre de problemas de utilização de protocolo UPNP/DLNA - este protocolo apresenta a vantagem de, quando bem aplicado, ser gapless (não há pausas entre músicas num disco) e permitir ficheiros de alta resolução até DXD ou DSD - o que são duas vantagens face ao AirPlay, sistema de transmissão da Apple que permite gapless mas limita a resolução a 16 bit/48 kHz, e ao Chromecast Audio, protocolo da Google que não permite gapless e que limita a resolução a 24 bit/96 kHz. O problema, como tantas vezes, é a diferença entre a teoria e prática - nos diversos testes feitos em softwares como o Media Monkey ou diversas Apps para Android, o UPNP/DLNA apresentou sempre demasiadas falhas - não só não é gapless como introduz uma pausa extra entre faixas de alguns segundos, perde a ligação com facilidade, salta faixas de forma aparentemente aleatória. Felizmente, o Foobar (um software gratuito) salvou o dia e com um protocolo muito actualizado permite tocar sem qualquer pausa entre músicas e nenhuma falha ao longo das muitas horas de uso (para quem esteja interessado, existem dois plugins UPNP para o Foobar e só um funciona bem - de seu nome UPnP MediaRenderer Output). Esta solução é baseada na solução da Linn e envia um stream único da Playlist em vez de faixa a faixa, o que permite o gapless (semelhante ao que o Roon e o HI-Fi Cast fazem com o Chromecast Audio) - tendo como desvantagem que o DMP-A6 não mostra nem nome de faixa nem capa do disco (uma pequena nota para indicar que em teoria o Audirvana e o JRiver também têm um bom protocolo UPNP/DLNA, mas não fiz testes, portanto é uma incógnita; para Android, nenhuma solução funcionou e testei muitos softwares).

Eversolo DMP-A6_5

A próxima solução encontrada é a mais simples, mas também a mais cara - o uso de Roon e do seu protocolo RAAT Roon Ready. Nesta solução não há que instalar plugins - o DMP-A6 aparece como Audio Zone no Roon e toca música de forma imediata. Mais simples não podia ser - e para quem pretende usar o Roon e ter uma solução mais barata e mais simples, a maioria dos portáteis mais recentes consegue fazer de Roon Core sem nenhum problema.
Uma pequena nota para os interessados nestas andanças digitais, que usam computadores e têm a sua própria colecção de música - há dois pequenos truques que se podem usar no Foobar e no Roon (e noutros softwares, claro) que melhoram o funcionamento dos DAC: upsampling e digital headroom. No primeiro caso (que requer uma ligação Ethernet), e ao contrário do muito que se escreve sobre o assunto, não é uma questão de adicionar mais informação, é uma questão de fazer bypass aos filtros internos do DAC, activando uma espécie de falso non oversampling (NOS) - é o “truque” que os DACs Denafrips usam, através de um chip FPGA. Ao enviar um formato 2xDXD, quer por UPNP/DLNA no Foobar, quer por Roon Ready no Roon, os filtros do DMP-A6 deixam de estar activados e a qualidade de som dá um salto audível - assim como a saída de 32 bit, que baixa consideravelmente o nível de ruído e adiciona uns quantos dB de gama dinâmica, Há, em ambos os softwares, vários tipos de filtro - eu prefiro os lineares, mas não há como experimentar; existe também a possibilidade upsampling para DSD, mas os chips da Sabre, ao contrário de outros, não têm um modo DSD Direct, e não se justificam as chatices extra que o DSD traz. O ideal é utilizar filtros integer, ou seja, em múltiplos de som original (44,1 kHz para 88,2 kHz, 176,4 kHz para 705,6 kHz e 48 kHz, 96 kHz,192 kHz para 768 kHz). Já agora, as várias opções de filtros disponíveis no DMP-A6, parte integrante dos chips Sabre, soaram-me mais parecidas que iguais; e o upsampling disponível, com um máximo de 192 kHz, também não me pareceu introduzir nenhuma vantagem - são necessários sample rates muito mais altos para o upsampling ter efeitos audíveis e preferia uma opção de base múltipla. O segundo «truque» é reduzir em alguns decibéis o sinal enviado para o DAC - geralmente 3 dB a 5 dB são suficientes, para reduzir um fenómeno designado intersample overs - quase todos os DACs benificiam deste truque e alguns, como os da Benchmark Audio, Chord, RME ou alguns modelos da Topping, até já fazem isto automaticamente. No Roon é procurar a opção digital headroom, no Foobar basta controlar o volume do DMP-A6 que, felizmente, vem em dB quando as saídas analógicas são usadas (era, aliás, óptimo que fizessem o mesmo para as saídas digitais, em vez da habitual ininterpretável numeração de 0 a 100).

Eversolo DMP-A6_6

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